A região vinícola mais importante da Argentina está mais próxima dos brasileiros: veja dicas de visita, hospedagem e gastronomia
De uns meses para cá, parece que os brasileiros redescobriram a capital argentina do vinho. Com a facilidade dos vôos diretos e com o câmbio a nosso favor, Mendoza surge como atração. Depois de um tranquilo vôo de pouco mais de 3 horas, chega-se ao Aeroporto Internacional de Mendoza Francisco Gabrielli, conhecido como El Plumerillo.
O aeroporto é moderno mas minúsculo, com apenas duas portas de embarque internacional; porém, com várias locadoras de veículos à disposição. Numa dessas, pegamos nosso Fiat Cronos brasileiro e seguimos viagem pela mítica Ruta 40, rumo sul para Tunuyán, no centro do Vale do Uco, área de origem de alguns dos mais destacados vinhos argentinos.
LA SAUCINA
Pelo AirBnb escolhemos uma pequena propriedade de turismo rural a pouco mais de 10 km do centro de Tunuyán: La Saucina. O lugar é uma delícia: escondido no fi nal de uma estradinha de terra, cercado de outras pequenas chácaras de agricultura familiar.
A principal edificação é um casarão de adobe restaurado, com cinco confortáveis suítes e uma cozinha comunitária que dá acesso a um delicioso jardim, onde se pode fazer as refeições ao ar livre toda manhã (com direito a frutinhas, iogurte e medialunas), ou mesmo degustar um vinho ao cair da tarde (por lá, no verão, o sol se põe entre 20h30 e 21h00).
Na propriedade há um pomar de várias árvores, inclusive cerejeiras que, segundo nos contaram, estavam lindamente floridas semanas antes da gente chegar.
Armando, o proprietário e gentilíssimo anfitrião, está começando agora a plantar duas parcelas de uvas (Cabernet Sauvignon e, obviamente, Malbec) e em breve pretende engarrafar seu próprio vinho.
Enquanto não tem seu próprio vinho, Armando coloca à disposição de seus hóspedes quatro ou cinco rótulos produzidos por amigos, que ficam expostos na cozinha tentando a curiosidade e a sede da gente. É só pegar, abrir, provar. E depois mandar a foto da garrafa para o whatsapp do Armando, para que ele coloque na conta, é claro! Mas os preços são honestíssimos, praticamente os mesmos praticados pelos produtores.
O que mais chamou a atenção foi um vinho sem rótulo: o “Sin Nombre”. Segundo Armando, o vinho é produzido por um amigo que estudou enologia no ensino médio e que compra uvas de um produtor muito especial: Gustavo Santaolalla – músico compositor da trilha sonora do filme “Diários de Motocicleta” do brasileiro Walter Salles –, que tem uma pequena propriedade produtiva ali mesmo na região.
É um típico Malbec, com bom corpo e taninos domados. Não deu pra saber a safra, pois sua única identificação era a gravação “Sin Nombre” na rolha. Mas como o vinho tem agradado, os amigos têm feito um esforço para convencer o produtor a rotular suas garrafas e iniciar a comercialização. Callejón Ruano 000, M5560 Tunuyán, Mendoza, Argentina AirBnb: La Saucina - Suite en casa de campo
LA AZUL
A expectativa de almoçar na bodega La Azul era a de uma refeição típica, num ambiente rústico, com vistas para a cordilheira e, claro, bons vinhos!
Não foi bem assim: na verdade, La Azul parece uma mistura de restaurante de estrada com balada latina. É verdade que oferecem vinho à vontade, mas um vinho bem simples. Na verdade, a La Azul é uma produtora de uvas que comercializa seus frutos para as grandes bodegas da região. Só começaram a produzir vinhos em 2017 e ainda têm muito o que evoluir.
A mistura de vinho à vontade com música alta é fatal: gente bêbada cantando e dançando macarena. Se você quer um almoço sossegado e bem harmonizado, La Azul não é o lugar!
Entretanto, a carne servida no menu de três passos estava muito boa, grelhada à moda criolla e servida com vegetais da horta, precedida de uma empanada bem gostosa – mas pequena –, e seguida de sobremesa.
Esse menu com entrada, prato principal, sobremesa e vinho à vontade sai por $7.600 por pessoa, na ocasião algo em torno de R$ 234,46. Isso pelo câmbio oficial. Trocando no paralelo com os doleiros locais, você consegue praticamente o dobro de pesos e o mesmo almoço sai por cerca de R$ 115,00.
La Azul oferece uma visita à bodega, onde o atencioso Pablo conta sobre a história da família e da vinícola, oferecendo provas de vinhos das barricas de carvalho que estão amadurecendo para o próximo engarrafamento
Caminos del Vino, M5561 Tupungato, Mendoza, Argentina E-mail: administracion@bodegalaazul.com
Site: bodegalaazul.com
Reservas: +54 2622 603443 (whatsapp)
Restaurante: terça a domingo a partir das 12:00. Jantar sob consulta
Degustações: das 10:00 às 12:00 e às 16:00
CASA SEPTEM
A Casa Septem é uma propriedade de plantadores de uva que já se aventuraram na produção de seu próprio vinho, mas deram um passo atrás e resolveram focar no enoturismo.
Em meio a vinhedos de diversas variedades tintas (principalmente Malbec) e algumas brancas, foram erguidas várias edificações, como um hotel boutique, um spa completo com piscinas, uma ampla área de eventos ao ar livre em meio a um parque com lago artificial e um charmoso restaurante.
Batizado de Dux Fuegos, que numa mistura de latim e espanhol pode significar “líder dos fogos”, o restaurante ocupa uma construção envidraçada, decorada com elegância rústica, típica da região. Fazendo jus ao nome, os pratos servidos na casa passam por algum tipo de cozimento com chamas, brasas, defumadores ou forno.
O serviço é impecável e gentil. Garçons atenciosos e prontos para esclarecer qualquer dúvida sobre os pratos, os vinhos oferecidos ou a história da propriedade.
Optamos pelo menu de dois passos, escolhendo entre quatro opções de entrada o “Duo de Empanadas em Colchão Fumegante de Alecrim” e a “Linguiça Caseira com Batata Rosty e Molho de Tomate Queimado”. Bárbaro!
Para o prato principal, entre cinco possibilidades, nossa escolha recaiu sobre o “Porco com Mostarda a 62° com Repolho Fermentado e Creme de Erva-Doce” e o “Ojo de Bife Macerado por 7 Dias com Espinafres Salteados, Ostras e Ovo Poché”. Muito bem servidos, elegantemente apresentados e absolutamente deliciosos.
Quanto aos vinhos, como eles não são produtores, elaboraram uma carta com alguns clássicos das principais bodegas mendocinas, como Catena, Zorzal e Zuccardi , além de outras de distribuição regional, menos conhecidas.
Como vendem vinho em taça, provei dois desses “locais”: o ainda muito jovem e rebelde Arrollo Grande 2022, 100% Malbec, da Bodega Piedra Negra; e o curioso Malbec 2018, da Bodega 2456, produzido por quatro ex-jogadores da seleção argentina de rugby: Euse Guiñazu, Manu Carizza, Pato Albacete e Flaco Farías que jogavam, respectivamente, com as camisas 2, 4, 5 e 6. Daí o nome da bodega.
Por esse belo almoço, pagamos $5.000 por pessoa – o que no câmbio oficial representa R$ 154,00 –, mais bebidas, sobremesa e a merecidíssima gorjeta do garçom.
Endereço: El Alamo, Tupungato, Mendoza, Argentina
E-mail: casaseptem@gmail.com
Site: casaseptem.com
Reservas: +54 9 2617 73-6699 (whatsapp)
Restaurante: todos os dias, somente com reserva
ANAIA WINES
No quarto dia de viagem, viajamos por uma hora de volta à região de Agrelo, para conhecer uma bodega absolutamente inovadora. A chegada na Anaia já é impactante. Em meio a 73 hectares de vinhedos, emerge paralelo à cordilheira um imponente edifício horizontal que, segundo o arquiteto mendocino Gabriel Japaz, simula uma dobra tectônica formada a partir do impacto de placas, referenciando o próprio surgimento dos Andes durante o período terciário. Inclusive na mudança de tonalidades terrosas da fachada, comparáveis aos vários estratos que foram se sedimentando ao longo de milhares de anos.
Fomos recebidos por ninguém menos do que a simpática proprietária da bodega, Patricia Serizola, que nos orientou durante toda a visita, degustações e nos relatou a história dessa vinícola realmente diferenciada.
A começar pelo nome, inspirado nos supertoscanos, que em boa parte adotam em suas marcas a terminação “aia”, que no dialeto toscano significa “o lugar de”. Assim como Sassicaia é “o lugar das pedras”, Ornellalia “o lugar das Ornellas” (pequeno arbusto) e Solaia “o lugar do sol’, Anaia pretende ser “o lugar dos Andes”.
Em 2016, Patricia e seu marido Osvaldo Del Campo simplesmente se apaixonaram pelo vinho. Suas famílias não tinham tradição no assunto. A experiência de ambos estava no segmento da tecnologia. E foi justamente sobre o pilar da tecnologia e dos dados que o casal estruturou sua bodega.
Monitoramento via satélite e uma rede de sensores espalhados pelos vinhedos alimentam o servidor da bodega com dados precisos sobre insolação, temperatura, desenvolvimento das plantas, umidade, nutrientes e PH da terra, orientando a necessidade de suplementação nutricional do solo, definindo datas de colheita e comandando a irrigação por gotejamento. E tudo movido a energia solar, captada por uma bateria de painéis solares instalados no teto do edifício principal.
Os QR codes são presença marcante por toda a vinícola, em cada tonel de fermentação, em cada barril de envelhecimento. São a porta de entrada para que os enólogos da Anaia acessem o sistema digital de gestão da produção, especialmente trazido da Austrália, para conferir dados de procedência das uvas no vinhedo, detalhes do comportamento das plantas durante o ano, rendimentos, datas de colheita, trabalhos de campo realizados, análises laboratoriais e fichas de degustação dos vinhos. Tudo ali na telinha do celular.
De posse de todos esses dados, então, os enólogos da Anaia – dentre eles o atencioso e empolgado Gonzalo, que acompanhou parte de nossa visita – podem elaborar as ordens de trabalho da vinícola e orientar cada um dos profissionais da bodega no preparo de seus vinhos.
Surpreende na Anaia o fato dos tonéis de fermentação não serem em aço inox. Todos são do tradicional concreto. Mas nem tão tradicional assim! Todos os tanques foram desenhados por Osvaldo, no formato de “cuias de chimarrão”. Parecem enormes “pêras” de concreto, compondo um visual absolutamente “Star Wars”.
Segundo Patricia, esse formato inusitado permitirá, com a ajuda de potentes motores, realizar o balanço ideal para a oxigenação do mosto e a umidificação do chapéu (as massas que bóiam) durante o processo de fermentação.
Tivemos uma degustação de 7 rótulos: Sauvignon Blanc, Malbec Rosé, Malbec, Cabernet Sauvignon, Gran Malbec, Gran Cabernet Sauvignon e o Gran Assemblage de Malbec e Cabernet Sauvignon. Um branco de muito frescor e mineralidade, tintos muito equilibrados e elegantes, e um rosado que nos fez lembrar alguns dos melhores rosés da Provence.
Infelizmente, os vinhos da Anaia ainda não estão disponíveis no Brasil, mas devem chegar provavelmente a partir de março ou abril. Vale a pena ficar atento!
Ruta 15, km 34, Agrelo, Luján de Cuyo, Mendoza
E-mail: info@anaiawines.com - Site: anaiawines.com
FAMÍLIA ZAINA
Depois de um dia imersos em tecnologia na Anaia em Agrelo, demos uma guinada de 180 graus para visitar uma pequena bodega familiar no Vale do Uco: a Família Zaina.
Imigrantes italianos estabelecidos há mais de cem anos na região, são reconhecidos como pioneiros na viticultura argentina. Cultivaram uvas e produziram seus próprios vinhos de forma artesanal até a década de 1990, quando se voltaram para o cultivo de outras frutas, como pêssego e cereja.
Por volta de 2013 a nova geração, capitaneada pelo enólogo Federico Zaina, resolveu voltar a produzir vinhos com a marca da família. Federico possui uma maneira muito especial de ver os vinhos. Para ele, todo discurso técnico sobre castas, safras, blends e envelhecimento, deve se manter restritos a quem os produz, e não a quem os bebe. Para estes, o que importa são as sensações provocadas pelo vinho, o prazer dos aromas e sabores, a degustação de puro hedonismo.
Por isso, fez questão de subverter as leis de mercado, não declarando em seus primeiros rótulos sequer a casta ou origem de seus vinhos. Em seu lugar, preferia contar histórias que remetessem às sensações despertadas pela degustação.
Assim nasceu a “Série Tarot”, com vinhos varietais ou de corte, com nomes referenciando cartas do místico baralho.
“El Loco” foi o primeiro vinho da série, lançado em 2013, com uma pequena edição de precisamente 614 garrafas. Para os curiosos, apenas informavam ser um corte de composição misteriosa. Mas certamente com boa parte de Malbec e Merlot e um toque de Ancellotta.
“La Estrella” foi o segundo vinho da série, inspirado na energia criativa das mulheres da família: profissionais, donas de casa, mães, criadoras, sonhadoras, verdadeiras estrelas. A edição de 1.300 garrafas começou a ser comercializada em 12 de maio de 2015, aniversário da matriarca Nonna Italia, e é considerado o vinho mais complexo produzido pela Zaina, tendo em vista o tempo de envelhecimento em barril e armazenamento em garrafa.
Logo depois, foi a vez de ”El Ermitaño”: edição de apenas 850 garrafas de Cabernet Sauvignon e Merlot. Ganhou esse nome por ser oriundo de três barricas quase esquecidas na adega, que depois de mais de um ano de maturação tranquila e silenciosa, tiveram seus conteúdos misturados.
Durante a degustação, tivemos a oportunidade de provar o tal eremita que, de fato, mostrou-se um vinho elegante, com taninos bem aparados, corpo consistente e bouquet que remete ao Velho Mundo.
Para acompanhar as provas – e para deixar bem evidente o caráter familiar da bodega – o gentil Juan, nosso anfitrião, nos brindou com uma deliciosa “coca maiorquina” (espécie de foccacia espanhola, receita ancestral de seus descendentes ibéricos), que harmonizou divinamente com os vinhos e histórias.
Também na degustação, viramos outra taça (seria melhor dizer outra carta?): “Los Enamorados”, o quinto vinho da Família Zaina lançado ao público. Apenas 1.500 garrafas de um corte de Malbec e Merlot, segundo eles “em proporções românticas”, após estágio por 10 meses em barricas de carvalho francês e americano. Seguindo a proposta original da bodega, um vinho fácil de beber e capaz de despertar paixões.
Fica claro que, além de competente enólogo, Federico é marqueteiro nato. Um apaixonado por storytelling e design, sendo ele próprio quem define os nomes e desenha os primeiros rabiscos dos rótulos de seus vinhos, depois aprimorados pelo artista plástico Federico Sola.
Los Volcanes, M5560 Tunuyán, Mendoza Instagram: @familiazaina
Site: familiazaina.blogspot.com
Reservas: +54 9 2615 87-7915 (whatsapp)
EL PAISANO
Só a descobrimos por indicação do nosso querido amigo Armando, de La Saucina. O lugar é absolutamente ermo, longe de tudo. E aí é que está o seu maior encanto!
Ao pé da Cordilheira dos Andes, depois de um desvio de dois quilômetros por estrada de terra (“La Quebrada” é o nome da tal estrada!) e algumas plaquinhas como referência, chega- -se a um portão que finalmente anuncia o destino: El Paisano.
Lá dentro, só pela paisagem já vale a viagem! São apenas uma churrasqueira rústica e 6 mesas ao ar livre, ao lado de um arroio pedregoso que conduz águas de degelo dos Andes. Simplesmente espetacular!
A estrutura oferecida é muito simples. Parece que você está invadindo a casa de alguém. E está mesmo! Segundo reportagem do La Nación, o local era a residência de verão de uma família de descendência síria e libanesa, que a nova geração decidiu transformar em restaurante. Grande sacada!
Pelo whatsapp fizemos e a reserva e recebemos o cardápio do dia: entrada tripla composta de Focaccia Criolla com Pasta de Berinjela Defumada (bem normaizinhas!), Sopinha de Maçã, Cebola e Abóbora (superinteressante) e Empanadas de Carne (maravilhosas!); Mollejas no Palito com Curry (dizem ser a especialidade da casa!); e como prato principal Entraña (corte tipicamente argentino, composto da parte de fora do diafragma do boi) com Legumes Grelhados (abobrinha, cenoura, cebola e batata) ou Risoto de Legumes com Queijo de Cabra (como opção vegetariana); e como sobremesas Queijo de Cabra com Doce de Alcayota (fruto local), Hortelã e Pistache, ou Brownie com Cobertura de Chocolate e Doce de Leite com Nozes. Incluindo ainda uma taça de boas-vindas de Sauvignon Blanc e uma garrafa de vinho tinto para acompanhar todo a refeição.
Infelizmente, não reparamos que no cardápio não havia a especificação do preço.
Fomos superbem recebidos pela atendente Aldana e pelo churrasqueiro Camilo (que descobri depois pela reportagem do La Nación que se chamava Daniel), que inclusive nos serviu a Entraña do menu em três diferentes pontos da carne para que pudéssemos observar a diferença.
Quanto aos vinhos, nos serviram um Malbec local bem simples (Icabod Pueblo Dormido) da região de Los Árboles, mas que harmonizou bem com todos os pratos do menu.
O problema foi na hora da conta. Toda a gentileza do tal Camilo, que insistia em dizer que Pelé foi melhor jogador do que Maradona (eu devia ter desconfiado disso!), se transformou numa extorsiva conta de US$100, simplesmente o dobro do que estávamos acostumados a pagar em excelentes almoços. E o pior é que – soube depois – para um outro casal suíço que esteve por lá no mesmo dia, ele cobrou a metade do preço! É bom tomar cuidado e combinar o preço antes!
Callejón Videla-Guiñazu s/n 5560 Tunuyán, Mendoza, Argentina
E-mail: elpaisanohouse@gmail.com
Facebook: El Paisano Casa de Campo
Reservas: +54 9 2622 44-4338 (whatsapp)
RUDA COCINA
Imagine uma propriedade que junta vinhedos particulares, campo de polo, clube de golfe e – no meio de 800 hectares, a 1.200 metros de altitude, no sopé dos Andes –, um restaurante de chef. O nome desse lugar é Tupungato Winelands e o restaurante é o Ruda Cocina do chef Gastón Trama.
Instalado em uma construção de pedra com mesas e sofás espalhados pelo terraço, o Ruda fica na parte mais elevada do terreno, com vista que se estende até a cordilheira.
A base da cozinha é andina com uso de insumos locais e produtos regionais, e é possível escolher entre uma experiência completa e harmonizada com vinhos da região para duas pessoas, ou pratos avulsos, como a Picanha Inteira de 700 gramas, com salada verde, chimichurri de tomate seco e parmesão, por $6.600 pesos, ou pouco mais de R$ 200,00. Serve tranquilamente duas pessoas; até porque com aquela vista dá até pra se esquecer do prato.
A seleção de vinhos é da sommelier Camila Cerezo, que escalou alguns dos rótulos das bodegas mais representativas do Vale do Uco. Os preços começam em $3.000 (R$ 92,00) e podem chegar a 30.000 pesos (R$ 1.000,00). Você pode optar por vinho em taça, na faixa dos $800 pesos (R$25,00).
Nossa pedida foi uma taça de Chakana Sobrenatural Tinto, em corte de Tannat e Malbec produzido ali perto, na região de Agrelo, no distrito mendocino de Luján de Cuyo, pela Chakana Wines, antiga dona da propriedade adquirida pelo casal Patricia Serizola e Osvaldo Del Campo para a Anaia.
O rótulo informava tratar-se de um vinho orgânico, biodinâmico e vegano. Na taça, um rubi intenso. No nariz sobressaem os aromas de frutas do bosque. Na boca, um corpo razoável, com acidez e taninos equilibrados e de boa persistência. Enfim, um bom vinho para acompanhar a nossa picanha que chegou à mesa sem aquela grossa camada de gordura que estamos acostumados no Brasil.
Entre as sobremesas, o destaque ficou para o Sorbet de Amoras, Mirtilos e Lavanda, salpicado de sementinhas de girassol. Muito saboroso e refrescante para suportar os quase 40 graus que assolam a região em novembro.
La Costa S/N, Gualtallary, M5561 Tupungato, Mendoza
E-mail: ruda.cocina2021@gmail.com
Site: www.grupoalfoz.com/content/ruda.html
Instagram: @ruda.cocina
Reservas: +54 9 2616 18-8114 (whatsapp)
DOMAINE BUSQUET
Foi durante as férias de 1990 que o enólogo francês de terceira geração Jean Busquet descobriu a desértica região de Gualtallary, no Vale do Uco, e vislumbrou seu potencial para a produção de grandes vinhos. Em 2002, sua filha Anne e o genro se encantaram com o lugar e enxergaram na ideia do pai a possibilidade de colocar em prática conceitos de sustentabilidade que sempre os motivaram.
O resultado foi a construção de uma das 20 maiores vinícolas exportadoras da argentinas e líder absoluta na produção de vinhos orgânicos.
No restaurante Gaia, instalado ao lado do lago e de frente para os extensos vinhedos, também servem os famosos menus de quatro passos, harmonizados com vinhos da casa. Pratos bem feitos, mas nada tão memorável. Já os vinhos têm padrão internacional e caracterizam-se pela valorização de seus aspectos naturais de produção.
Os vinhos da Busquet são todos veganos e orgânicos. Durante o almoço, provamos 4 deles: o Rosé Organic Premium, o Virgen Organic Red Blend (90 pontos JS), o Gaia Organic Red Blend (92 pontos JS) e o Reserve Organic Cabernet Sauvignon (91 pontos JS).
Todos merecedores das excelentes notas concedidas por James Suckling, Tim Atkin, Vinous, Descorchados e outros respeitados analistas mundo a fora. Mas para quem está viajando em busca de novas experiências, é mais do mesmo: nada além do que ótimos vinhos de duty free.
Ruta 89 S/N km 7, Tupungato CP (5561), Mendoza, Argentina E-mail: turismo@domainebousquet.com
Site: domainebousquet.com
Restaurante: experienciagaia.com
Reservas: hMps://wineobs.com.ar/mro/domaine-bousquet
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