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Vinho Magazine

Valores de qualidades reconhecidos e premiados

Conheça os produtores que têm constantemente seus esforços pela qualidade máxima reconhecidos pelos jurados em degustações às cegas


Por Maria Edicy Moreira



A cachaça, bebida brasileira, tem evoluido excepcionalmente em qualidade e conquistado novos públicos e segmentos mais valorizados de mercado. O Concurso Vinhos e Destilados do Brasil, que em 2021 completou 20 anos de experiência na avaliação da qualidade das bebidas produzidas no Brasil, também é um forte impulsionador na busca pela qualidade e prestígio.


Instalações do Engenho Triunfo, em Areia, na Paraíba, abertas ao turismo ecológico

Destilarias de renome como Cachaça da Quinta, Engenho Triunfo, Cachaçaria Weber Haus e Indústria de Bebidas Pirassununga, conquistam medalhas no Concurso Vinhos e Destilados do Brasil que lhes trazem visibilidade, melhoram o posicionamento no mercado e aumentam as vendas, atraindo o consumidor preocupado com sabor e integridade da bebida.

Instalações da Casa Cambraia, da Pirassununga, para recepção e degustação

A Cachaça da Quinta participa do Concurso Vinhos e Destilados do Brasil desde 2013, enviando anualmente seus produtos para a competição, e em todos esses anos eles vêm sendo premiados com as mais elevadas medalhas.

Katia Espírito Santo, diretora da cachaçaria com sede no município do Carmo, RJ, conta que duas razões se entrelaçaram e a levaram a participar deste concurso. “Há algum tempo estava com nosso estande em um evento em SP e encontrei um entusiasta, o Renato Frascino. Ele me disse, compenetrado, após degustar cada rótulo do nosso produto, em seu copo ISO: ‘Esses produtos não apresentam defeitos, são muito elegantes no nariz e na boca.... E, que incrível, essa Amburana é muito boa, eu nunca gostei muito dessa madeira, é a primeira vez que me surpreende tão bem...’ Frascino teceu comentários comparativos em razão de memórias pregressas muito ruins... E expressou seu superlativo entusiasmo em relação à nossa Cachaça da Quinta, atraindo muitas pessoas ao estande.”

Katia relembra que mais tarde Frascino sugeriu: “você precisa participar de concursos, essas cachaças são de padrão internacional muito alto...”

“Voltei ao Rio e, em 2013, a Cachaça da Quinta completava 90 anos, mas eu ainda não havia elaborado nada de especial para comemorar a data, estava triste com o falecimento do meu pai. Então lembrei-me da sugestão de Frascino, e decidi participar do Concurso Vinhos e Destilados do Brasil. Enviei apenas uma amostra, a Cachaça da Quinta Branca, e ela recebeu a premiação máxima do referido concurso”.

A Grande Medalha de Ouro recebida pela Cachaça da Quinta Branca, em 2013, trouxe boas surpresas e de imediato abriu caminho para a exportação. “As conversas evoluíram bem com o primeiro importador, que até, ajudou a conseguir outro mercado para além

do que ele atua”, afirma Katia.

Mauro Benassi e Roberto Tadeu Degli Spoti, da Pirassununga

Pirassununga

Em plena comemoração de seu primeiro centenário, a Indústria de Bebidas Pirassununga, de Pirassununga, SP, fundada em 1921, vem participando do Concurso Vinhos e Destilados do Brasil desde 2017. Já conquistou medalhas de Prata, Ouro e na edição de 2021, acaba de ser premiada com a medalha Grande Ouro para sua cachaça premium, Cambraia blended envelhecido em barris de carvalho e de bálsamo.

Segundo Mauro Benassi, gerente de vendas, o Concurso Vinhos e Destilados do Brasil é uma grande vitrine para as cachaçarias e refl ete o sucesso mundial da bebida genuinamente brasileira. Outro benefício trazido pelo principal concurso brasileiro é o aumento nas vendas, porque ao contrário de outros produtores, ele acredita que as medalhas vendem e são um diferencial para o consumidor, principalmente para quem realmente entende de destilados.

O alto nível de informação do consumidor, principalmente em relação aos produtos premium e extra-premium, se explica pelo empenho dos produtores em esclarecer sobre seus produtos e pelas muitas informações disponíveis na Internet, nas redes sociais e nos cursos online. Em função disso, hoje podemos dizer que o consumidor de cachaça segue a trilha dos consumidores de vinho e cerveja: Já sabe perfeitamente o que quer. Aprendeu a valorizar as características organolépticas do destilado e os muitos detalhes estampados no rótulo, inclusive as medalhas conquistadas em competições que avaliam a qualidade do destilado.

“O consumidor já tinha o hábito de verificar premiações em vinhos, em seguida vieram as observações em relação às cervejas artesanais, e atualmente as cachaças já têm esse reconhecimento. O consumidor valoriza cada vez mais as premiações do destilado”, afirma Roberto Tadeu Degli Sposti, diretor químico e de qualidade da Pirassununga.


Orientação

Uma coisa puxa a outra. Quanto mais os produtores participam de concursos nacionais e internacionais, mais medalhas o consumidor tem para se guiar. Benassi, observa que até pouco tempo atrás a participação das cachaças em concursos era muito baixa porque o produto era estigmatizado e desvalorizado. Hoje a conscientização dos produtores e dos consumidores em relação à qualidade do destilado, incentiva a participação em concursos, principalmente com produtos envelhecidos, que mostram a excepcional qualidade alcançada pelo setor.


Alambiques de cobre da Weber Haus em Ivoti, RS

Cachaçaria Weber Haus

Instalada em Ivoti, RS, a Cachaçaria Weber Haus participa do Concurso Vinhos e Destilados do Brasil desde quando a competição abriu espaço para cachaças e, segundo seu diretor, Evandro Luís Weber, a empresa já conquistou, nesta competição, mais de 135 medalhas entre Prata, Ouro e Grande Ouro. “Para nós o Concurso Vinhos e Destilados do Brasil é importante porque por trás das medalhas sempre existe o marketing que faz com que os premiados se destaquem na mídia”.

Além disso, o diretor da cachaçaria gaúcha, diz que vale a pena participar de competições nacionais e internacionais como o Concurso Vinhos e Destilados do Brasil porque elas mostram ao mundo a categoria da cachaça que existe no Brasil e ainda é pouco conhecida. “Lá fora as pessoas conhecem a caipirinha, mas não conhecem a cachaça e nós produtores, participando desses concursos, temos a oportunidade de mostrar ao mundo a verdadeira cachaça premium no processo de produção e no envelhecimento”


Canavial da Weber Haus conhecido como Roça Limeiro, em Ivoti, no Rio Grande do Sul


Thiago Henrique Baracho, engenheiro responsável pela produção no Engenho Triunfo

Engenho Triunfo

Com sede no município de Areia-PB, O Engenho Triunfo, participa do Concurso Vinhos e Destilados do Brasil desde 2019 e, em 2021, conquistou três medalhas: Grande Ouro com a cachaça Triunfo Jaqueira, Ouro com a Triunfo Prata e Medalha de Prata com a Triunfo Castanheira.

Segundo Thiago Henrique Baracho, engenheiro responsável técnico pela produção das cachaças Triunfo, o Concurso ajudou e continua ajudando Engenho Triunfo e o Brasil a ter melhor posicionamento no mercado, além de aumentar as vendas, principalmente das cachaças premium, que têm um público consumidor mais seletivo. “As medalhas são um atestado de qualidade”.

Por essas e outras razões, cada vez mais produtores de cachaça investem nas competições nacionais e internacionais como o Concurso Vinhos e Destilados do Brasil. “Hoje a maioria dos produtores de cachaça de qualidade participa de concursos e vale a pena participar porque essas competições melhoram a visibilidade do produto”, afirma Baracho.



O Valor Das Cachaças Premiadas

Teoricamente, as cachaças premiadas deveriam ou poderiam custar mais em relação às cachaças não premiadas, mas isso não acontece na maioria dos produtores. “Para nós os preços não são diferenciados. Todas as nossas cachaças são produzidas com extremo cuidado para termos sempre uma qualidade superior. As medalhas são mérito de um trabalho bem-feito, mas não desmerecem os rótulos que não foram premiados”, afirma Baracho, do Engenho Triunfo.

Para Katia Espírito Santo, da Cachaça da Quinta, a questão em relação ao preço das cachaças premiadas é um pouquinho mais complexa… “Uma resposta simplista poderia ser sim, mas melhor do que ter o preço aumentado, é manter o produto no mercado ao longo dos anos, com o preço adequado ao que a marca e o produto carregam”.


Aquarela artística retrata a Fazenda da Quinta, em que são produzidas as Cachaças da Quinta

Mercado Da Cachaça

Apesar da pandemia e da crise econômica provocarem uma redução no mercado de cachaças, os produtores do destilado veem o presente e o futuro deste segmento com certo otimismo, principalmente pelo ganho de qualidade e, consequentemente, pelos frutos que esse ganho de qualidade traz.

Evandro Weber, da Weber Haus, com uma venencia andaluza

Evandro Weber, da Weber Haus, diz que o mercado da cachaça no Brasil e no mundo está em expansão acelerada, sendo reconhecido pela sua qualidade e o conceito de padrões elevados assim como o whisky e o cognac”.

Quanto ao futuro, Weber aposta na ampliação do portfólio de produtos e no crescimento do consumo. “A possibilidade de a cachaça vir a ser uma bebida consumida em escala mais abrangente está próxima e, além disso, vamos ter muitas novidades. Os bartender e os mixologistas sempre nos fazem muitas perguntas sobre novos produtos produzidos a partir da cana de açúcar e certamente vamos trabalhar para atender a essa demanda”.

Em relação aos motores que impulsionarão a evolução da cachaça nos próximos anos, Weber destaca a tecnologia de produção, os estudos sobre a cachaça e a forma como o governo apresentará o destilado lá fora. “Tem de ter políticas públicas, incentivo ao marketing... Fazer como o México fez com a tequila...”

Benassi, da Pirassununga, também faz uma análise sobre o atual momento da cachaça. “O mercado da cachaça no Brasil já foi maior que o atual, porém a qualidade do produto evoluiu muito e podemos afirmar que atualmente, embora com um mercado menor, o destilado nacional tem hoje qualidade igual ou superior aos principais destilados mundiais”.

Olhando para o futuro, Benassi prevê a acomodação do mercado em patamares mais baixos se comparados aos de décadas atrás, devido à variedade e à concorrência de outros destilados que ganharam destaque no mercado brasileiro. A valorização das cachaças envelhecidas, principalmente nas muitas madeiras brasileiras, deve seguir crescendo. Ele chama atenção para os processos de elaboração da bebida, cada vez mais aprimorados, resultando em produtos de qualidade superior.


Mercado Premium

Katia Espirito Santo, da Cachaça da Quinta

Para Baracho, da Triunfo, o mercado está instável, mas com tendência para aumento do consumo das cachaças premium. Para o futuro, a expectativa é o crescimento das bebidas de baixo teor alcoólico, que representam uma oportunidade para os produtores investirem em bebidas mistas à base da cachaça.

Katia, da Cachaça da Quinta, revela que com a pandemia, houve impacto para sua cachaçaria nos mercados interno e externo de formas diferentes. No Brasil houve queda imediata nas vendas, mas em poucos meses houve uma a recuperação do mercado. Mesmo com bares e restaurantes fechados, a Cachaça da Quinta cresceu em volume de vendas devido ao reposicionamento no mercado, focando nos supermercados e sites de e-commerce.

No exterior, a queda nas vendas foi maior e persistente por longos meses. “As recompras recomeçaram no segundo semestre de 2020, mas até o momento encontram-se em patamares inferiores aos de antes da pandemia, porém, em curva ascendente. Afinal, a coquetelaria dos bares é o que faz o produto girar no exterior”.

“Ao se destacarem, os produtores profissionalizados trazem credibilidade ao setor da cachaça como um todo, ao mesmo tempo em que o consumidor vem se educando sobre a qualidade do nosso destilado. As expectativas em relação ao crescimento do mercado se ampliam à medida que a parte comercial esteja sendo conduzida também de forma correta e em consonância com os valores do setor e das empresas”, afirma Katia Espírito Santo

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