Ter a qualidade reconhecida por um júri internacional em uma prova às cegas, além de fazer bem ao ego, é um bom instrumento de marketing
POR: MARIA EDICY MOREIRA
Por mais terrível que tenha sido –e ainda está sendo, ceifando as vidas de mais de 600 mil brasileiros–, a pandemia da Covid-19 trouxe algo de bom aos produtores brasileiros de vinhos: o reconhecimento da qualidade de seus produtos, que há anos vinha sendo atestada em competições como o Concurso Vinhos e Destilados do Brasil, que em 2021 completa 20 anos de realização contínua.
A qualidade dos vinhos nacionais passou a ser reconhecida pelos consumidores, que não hesitaram em comprá-los, principalmente via e-commerce, canal de vendas responsável pelo maior aumento da comercialização de vinhos, que em muitos casos mais que dobrou. Aumentaram as compras da bebida também nos supermercados, que permaneceram abertos e receberam atenção especial dos produtores de vinho.
Os produtores nacionais, entusiasmados com o crescimento da demanda, passaram a investir ainda mais na melhoria da qualidade de seus vinhos e hoje podemos dizer que o Brasil produz vinhos finos de qualidade internacional em diversas regiões: do Sul ao Nordeste, passando pelo Sudeste e Centro-Oeste...
A vinícola catarinense Quinta da Neve participa do Concurso Vinhos e Destilados do Brasil desde a primeira edição, em 2001. Fúlvio Brasil Rosar Neto, sócio da empresa, considera uma honra saber que o trabalho árduo da vinícola, que se inicia no campo e vai à mesa do consumidor, foi reconhecido por essa competição que já se tornou tradição no Brasil. “Com isso, aumenta ainda mais a nossa responsabilidade em produzir vinhos cada vez melhores”.
Neto vê nas medalhas conquistadas pela Quinta da Neve uma mola propulsora que impulsiona as vendas de vinhos e traz uma visibilidade extraordinária aos produtos. “Isso faz com que o consumidor final compre nossos vinhos premiados de olhos fechados, pois sabe que está adquirindo qualidade, fruto da seriedade e reconhecimento que o Concurso Vinhos e Destilados do Brasil angariou”.
A Quinta da Neve foi a primeira vinícola a investir e apostar na produção de vinhos finos de
altitude em São Joaquim, na Serra Catarinense. Em fevereiro de 2021 ganhou uma nova composição societária, agora com os sócios: Fúlvio Brasil Rosar Neto, Maria Lúcia, Adilson Kremer Júnior, Gerson Dias e Sandré Macedo.
Os sócios consideram o empreendimento mais que um negócio. “É um projeto de vida. Imbuídos desse sentimento e pelo enorme potencial da vitivinicultura e do enoturismo da Serra Catarinense, nasceu esse investimento e nós, com novas ideias e muita energia, chegamos para viver essa experiência, que é desafiadora e muito apaixonante”, afirma Neto.
Ele observa que o mercado já conhece bastante bem a vinícola pela tradição e qualidade de seus vinhos, por isso, o objetivo dos sócios é impulsionar e reforçar ainda mais essa identidade conquistada. “Com a reformulação da marca, vamos agregar novas perspectivas e serviços, para levar ainda mais longe o nome Quinta da Neve, desenvolvendo até um complexo enoturístico inédito na região”.
Com relação ao mercado dos vinhos de altitude catarinenses, o empresário afirma que os rótulos da região já se destacam por expressarem máxima qualidade, tendo conquistado recentemente o selo de Indicação Geográfica. Quanto ao futuro da região, ele considera ainda mais animador, porque junto ao aumento no consumo dos vinhos e espumantes no dia a dia dos brasileiros, a tecnologia empregada na vitivinicultura aumenta a passos largos a qualidade dos vinhos.
Em nível nacional, Fúlvio Neto destaca a experiência positiva dos produtores de vinhos finos. “O vinho nacional teve uma ascensão meteórica pelo aumento do consumo, que começou junto com a pandemia, quando o brasileiro teve mais tempo para ‘olhar’ para dentro”, permitindo-se conhecer o vinho brasileiro pelo qual se apaixonou. E a tendência é que isso perdure...”
VINÍCOLA GÓES
Considerada uma das mais tradicionais e bem-posicionadas vinícolas do Estado de São Paulo, com sua sede em São Roque, a 68 km da capital, a vinícola Góes, é fiel participante do Concurso Vinhos e Destilados do Brasil. “Há muitos anos participamos do concurso, pela sua importância na avaliação dos vinhos nacionais e pelo profissionalismo dos organizadores, que fazem dessa competição um dos principais, se não o principal, concurso de vinhos do nosso país”, afirma Luciano Lopreto, diretor comercial da vinícola paulista.
Ele observa que a competição tem a função de ajudar os produtores a avaliar em que momento estão em relação à qualidade de seus produtos. “Uma coisa é olhar o que estamos fazendo, outra coisa é termos a validação ou a avaliação a partir de entes externos como o Concurso Vinhos e Destilados do Brasil que, além de ser um certame muito respeitado, faz com que os reconhecimentos provenientes desta competição sejam uma chancela da qualidade que estamos conquistando em nossa empresa, safra após safra, mostrando a evolução de nossos produtos e do nosso terroir”.
“Nós gostamos de dizer que produzimos vinhos para atender às necessidades dos nossos clientes e para levar a eles o que temos de melhor, mas se existe o reconhecimento a partir de uma competição renomada como o Concurso Vinhos e Destilados do Brasil, melhor. E, vindo esse reconhecimento, certamente temos que mostrar ao consumidor que ele pode comprar tranquilamente o produto que traz uma medalha ratificando tudo aquilo que nós dizemos e prometemos em relação ao produto. Então as medalhas também ajudam a vender e nós gostamos disso”.
“O brasileiro precisa se basear em alguma coisa que lhe dê a certeza de que está comprando um produto de qualidade. Muitas vezes apenas olhar o nome, o rótulo, a garrafa não é suficiente. Nesse momento, uma medalha conquistada não deixa de ser um certificado de qualidade, de valor, que mostra quão bom é aquele produto. Por isso, apresentar uma medalha, ainda mais de uma competição do porte do Concurso Vinhos e Destilados do Brasil, é algo que motiva o cliente a comprar nossos vinhos.”
RIO SOL
Bebendo literalmente as águas do Rio São Francisco para irrigar e frutificar suas videiras e viabilizar a produção de alguns dos melhores vinhos do Brasil, medalhados diversas vezes pelo Concurso Vinhos e Destilados do Brasil, a Vinícola Rio Sol, com sede em Lagoa Grande, PE, já participou da competição pelo menos 15 vezes, sendo que nos últimos 10 anos tem participado todos os anos. O diretor técnico e enólogo, Ricardo Henriques, revela que a cada edição do concurso a vinícola tem conquistado em média seis premiações, entre Medalhas de Prata, Ouro e Grande Ouro.
Ele afirma que o concurso é de extrema importância, pois valoriza e reforça a qualidade do vinho nacional, e é uma ótima vitrine, que permite aos produtores atestarem qualidade de seus produtos e apresentarem os resultados ao consumidor. “Isso amplia a valorização da marca e alavanca vendas”.
Em relação ao mercado de vinhos nacional, Henriques tem uma visão otimista. Ele chama a atenção para a boa fase do mercado, impulsionada pela pandemia, que fez o brasileiro descobrir e valorizar o vinho nacional, aumentando as vendas e contribuindo para o crescimento da indústria local que, em função disso, vem superando as dificuldades trazidas pela crise econômica.
Lançando um olhar mais específico sobre o Nordeste brasileiro, região onde a Rio Sol produz seus vinhos, Ricardo Henriques explica que, como a vinícola está situada no Vale do São Francisco, a proximidade com seus dois principais mercados (Pernambuco e Bahia) e com o Nordeste como um todo, traz algum conforto, pois estes mercados têm crescido de forma consistente e ainda guardam um potencial de crescimento muito grande, graças à valorização dos produtores regionais por parte dos consumidores.
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