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Vinho Magazine

Um brinde ao vinho: Vinitaly une tradição à inovação e sustentabilidade

Por Cibele Siqueira, sommelière da Wine*



Enquanto no Brasil o vinho é rotulado como uma bebida alcoólica, na Itália ele é símbolo de tradição, família, história e cultura! Durante uma das maiores feiras de vinho do mundo e a maior feira de vinhos Italianos, a Vinitaly, que chegou à 55ª edição e aconteceu em Verona, neste mês de abril, pudemos ter a certeza disso.


Foram 93 mil pessoas presentes em 12 pavilhões, em que cada um deles se referia à uma região da Itália, ou seja, existia o pavilhão da Toscana, Piemonte, Vêneto e outros. Neste ano, um pavilhão trouxe vinícolas da América do Sul, destacando não só Chile e Argentina, mas também o nosso Brasil.


Este ano, a Vinitaly tinha o objetivo de ser mais uma feira de negócios e serviços, e menos uma feira de degustação. O evento recebeu compradores do mundo inteiro para divulgação do vinho italiano e contou com mais de 4 mil produtores em exposição.

Nesta feira, fiz uma viagem no tempo ao recordar que mais ou menos duas décadas atrás o vinho Lambrusco viveu seu auge no Brasil. Era servido em casamentos e grandes eventos. Com o passar do tempo, perdeu seu status e, aos poucos, foi substituído por outros vinhos mais clássicos, mas para quem tem preconceito em relação ao Lambrusco por sempre estar associado a vinhos frisantes e doces, uma novidade que fará você rever seus conceitos: tive a oportunidade de degustar Lambruscos elaborados pelo método ancestral, ou Pet-Nat, quando o vinho é engarrafado ainda durante a primeira fermentação. Os resultados são vinhos de alta qualidade, boa acidez e perlage persistente.


O primeiro dia contou com uma degustação dos 130 rótulos mais pontuados pela renomada Wine Spectator, o Opera Wine. Eu resumiria o que os italianos estão trazendo em uma afirmação: a tradição se une à inovação e sustentabilidade.


O evento retrata ainda uma outra verdade, a de que os clássicos nunca saem de moda, como Barolo, Brunello di Montalcino, Chianti e Valpolicella. Esses vinhos de caráter excepcional são de regiões renomadas e as mais procuradas pelos amantes do vinho italiano, por isso fizeram fama em todo o mundo.


Impossível não se encantar com os diversos terroirs, como Cerasuolo d’Abruzzo, Greco di Bianco e também com o resgate de uvas nativas. Pecorino e Passerina foram os destaques brancos aromáticos e refrescantes perfeitos para fugir do tradicional. Uvas autóctones que ganharam o paladar de muita gente que passava pela feira.


Já o rosé ganha destaque com as uvas Sangiovese, Nebbiolo, mas também com Cerasuolo, que é um rosé bem diferente, com uma pigmentação mais profunda e por isso uma cor rosada vibrante diferente dos existentes no mercado.


Os brancos macerados ou os vinhos laranjas despertaram a curiosidade de quem passava pela feira, mas foram os vinhos do Etna, região vinícola em torno do vulcão ativo situado na ilha da Sicília, que ganharam meu coração, pela sua mineralidade e um caráter robusto e elegante.


No Piemonte, a Nebbiolo chamou atenção por elaborar vinhos diferentes, imponentes e com menos tempo em barrica. Aliás, vários produtores estão apostando nesta uva para fazer vinhos marcantes e elegantes sem precisar trazer o traço barricado.


Vale ressaltar também o investimento em vinhos entry level de alta gama. Vinhos de entrada com uma boa qualidade custo-benefício que, olhando para o mercado de forma mais abrangente, possam disputar com vinhos de outros países, sem perder a qualidade.


Por último, aqueles rótulos clássicos estão começando a dar espaço para rótulos com designs inovadores, mais coloridos e dramáticos para chamar a atenção do consumidor final.


Estive na Vinitaly com a missão de também estreitar relacionamento com os nossos parceiros e grandes produtores. Uma honra estar ao lado de Famiglia Cecchi, Schola Sarmenti, Carpineto, Ettore Galasso, Terre Cevico, Batasiolo, Fantini e Tenuta Sant’Antonio.


Sem dúvida, a Vinitaly é o lugar perfeito para explorar outras regiões produtoras da Itália que não vemos comumente no Brasil, por isso, engana-se quem pensa que a Itália se resume apenas à Toscana e Piemonte. Os quatro dias para desbravar tantas regiões foram intensos e deixaram saudades!


Um brindisi al vino!


* Cibele Siqueira é sommelière da Wine, maior clube de assinatura de vinhos do mundo e líder no ranking de importação do mercado de vinhos. Possui experiência no ramo de bebidas há 15 anos e é Sommelière formada pelo Senac e Fisar/ UCS. Certificada pelos FWS, WSET 3 e EVP - especialista em Vins de Provence. Formada em Direito pela Faculdade de Direito de Franca, possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV, e MBA em Liderança, Inovação e Gestão 3.0 pela PUC-RS.

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